GOVERNO DO LUCRO E NEOPATRIMONIALISMO CONTÁBIL
Prof. Dr. Antônio Lopes de Sá
Como direcionar uma empresa para que possa melhor conseguir o seu objetivo exige
uma atenção especial com o “governo do lucro”.
Ou seja, para que se consiga ser eficaz quanto aos resultados é preciso que se
obedeça a determinadas regras.
Existem proporções que precisam ser observadas com cuidado, através da
orientação dos números que são espelhados pelos registros contábeis.
Acompanhar a situação de forma gerencial é o caminho certo, mas, deve
inspirar-se também em estudos sobre as informações registradas.
Os registros, por si só, pouco resolvem em favor do bom proveito do capital, se
não são submetidos a estudos e se estes não se fundamentam em bases científicas.
Tão complexo é o mercado em nossos dias que não se pode apenas confiar em
custos, em controles internos, em informatização, sem que se procure analisar o
comportamento do que se administra, sem que sejam seguidos modelos de
comportamentos.
Estar informado, mesmo com amplos dados, mesmo na hora certa, só pode resultar
em proveito administrativo se isso for feito buscando-se as explicações, ou
seja, o que significam os dados e como deveriam ser para que deveras fossem
bons.
Não basta saber, por exemplo, que se gastou tanto em uma determinada coisa, é
imprescindível ter noção se tal dispêndio foi o adequado em face do lucro que se
poderá ter.
Ou ainda, só o conhecimento do que representam os dados e como eles indicariam o
que se deveria estar conseguindo, é que deveras pode ser considerado como uma
competente “gestão do lucro”.
Uma doutrina moderna das ciências está sendo dedicada à questão, com grande
profundidade.
Trata-se do “Neopatrimonialismo Contábil”.
O conceito de “Neopatrimonialismo” tem também sido empregado em política, muito
utilizado pelos ativistas de esquerda, na ferrenha luta que movem contra o
liberalismo.
Uma mesma palavra pode ter significados diferentes de acordo com a forma como é
usada e com o fim que é empregada, quer na linguagem vulgar, quer na
tecnológica, quer na científica.
No caso contábil, todavia, a expressão “patrimonialismo” é utilizada há quase um
século, seguindo a tradição dos estudos superiores, científicos, para expressar
a corrente de pensamentos que vê o patrimônio como objeto de estudos da
Contabilidade; o “Neopatrimonialismo”, como decorrência, representa uma nova
forma de ampliar os estudos precedentes, coerente com a grande evolução operada
nas últimas décadas do século passado.
A contemporânea ótica de raciocínio dos Contadores está volvida para apresentar
de forma lógica “como observar a empresa” ou a “instituição” (empreendimentos
esses denominados na nova doutrina de células sociais), sob um ângulo amplo,
humano, atada a todos os agentes que fazem movimentar a riqueza e que produzem
transformações patrimoniais.
Assim, no caso do governo do lucro ela adverte que é preciso estudar as relações
que podem medir como ele está sendo conseguido: se com eficácia, se de forma
deficiente.
Para isso, sugere que se estude um conjunto de acontecimentos, mas, basicamente
qual a relação entre o “lucro e a venda” e entre “o que se aplicou para produzir
e o que se conseguiu vender”.
Como diriam os matemáticos : o lucro deve estar para a venda, assim como a venda
deve estar para o investido na produção.
O conceito de investido na produção, todavia, é, no caso, amplo, ou seja,
engloba o que se aplicou ampliando os meios de produção, como máquinas,
instalações etc. e também o que se movimentou em custos técnicos e gerais (estes
chamados de despesas).
Na essência o que a “proporção” procura evidenciar é que deve existir um lucro
compensador pelo que se vende, como deve haver uma venda compatível com o
esforço que se faz para conseguir os bens que vão ser vendidos.
Deve existir uma retribuição entre o que se investe para produzir e o que se
recupera da inversão, assim como o recuperado deve deixar margem suficiente para
remunerar a atividade.
Uma singela forma de ver a questão, mas, plena de verdade.
O acervo cultural que o Neopatrimonialismo Contábil vem apresentando em matéria
de método para produzir modelos de comportamento do capital é deveras
significativo e no caso do lucro é relevante tal doutrina o tem tratado com a
seriedade que merece (basta ver o que está sendo realizado em trabalhos
buscando-se a expressão neopatrimonialismo nos veículos de busca da Internet
como o da “google”).
Nossos dias não toleram mais o empirismo apenas no tratamento do governo das
riquezas e nem apenas a concepção do histórico dos fatos, necessário sendo a
visão holística das causas que fazem acontecer as transformações patrimoniais
dos empreendimentos.
*Autor: Antônio Lopes de Sá
Contato: lopessa.bhz@terra.com.br
Doutor em Letras, honoris causa, pela Samuel Benjamin Thomas University, de Londres, Inglaterra, 1999 Doutor em Ciências Contábeis pela Faculdade Nacional de Ciências Econômicas da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, 1964. Administrador, Contador e Economista, Consultor, Professor, Cientista e Escritor. Vice Presidente da Academia Nacional de Economia, Prêmio Internacional de Literatura Cientifica, autor de 176 livros e mais de 13.000 artigos editados internacionalmente.