ORIENTAÇÃO GERENCIAL EM BASE CONTÁBIL
Prof. Dr.Antônio Lopes de Sá 

 

Como orientar, quando fazê-lo, de que forma, a quem, são habilidades que um profissional adquire ao longo do tempo e que soma àquelas inatas e derivadas da cultura que acumula.

Muito valem, pois, estudo, aplicação e experiência, mas, a meta de um consultor deve ser a de reunir qualidades para que sua orientação seja deveras eficaz.

A confiança do cliente no profissional só a realidade oferece, diante do êxito das recomendações e assistências prestadas.

Assim, o dever de orientação que o Contador possui em face dos comportamentos patrimoniais, impõe a elaboração de guias para a gestão empresarial ou institucional, produzindo “modelos quantitativos”.

Da mesma forma que um médico prescreve uma receita, um juiz profere uma sentença, um arquiteto elabora uma planta, o profissional da Contabilidade deve oferecer modelos de conduta patrimonial.

Cada empresa ou instituição tem a sua peculiaridade, exigindo mensuração especial, mas, a base para esta é ditada pelos denominados “modelos qualitativos”.

Ou seja, a partir de uma relação ideal entre fatos, construída cientificamente, o Contador deve orientar o empresário sobre como deve agir em relação ao comportamento do patrimônio.

Essa advertência, embora pareça “moderna”, na realidade já era manifestada na primeira metade do século XIX por Francesco Villa.

Estava, na época, nascendo a Contabilidade Cientifica e o mestre já lecionava sobre um modelo que julgava importante para a sanidade da vida empresarial.

Chamava ele a atenção para a proporcionalidade que precisa existir entre Custos e Vendas e entre Imobilizações Técnicas e Lucros.

Acenou o grande cientista para a importância que representa manter o capital não só em evolução, mas com uma transformação adequada e competente.

Isso vale dizer que a todo crescimento de “custos” deve corresponder um crescimento em “vendas” e a todo acréscimo de investimentos em “imobilizado técnico” deve corresponder um crescimento em “lucro líquido”.

A lógica do modelo está financeiramente em comparar os elementos do “circulante de produção” (Custos e Vendas) com o “fixo de produção” (Imobilizações e Lucros), em razões ligadas em “proporção”.

Ou ainda, deve existir uma identidade de razões (e é isto que caracteriza a proporção) entre os fatores envolvidos na produção do lucro e o objetivo do capital.

A harmonia dos fatores referidos é importante para todo o equilíbrio operacional, ou seja, uma empresa deve regular bem o que aumenta em circulação e o que recebe em retorno pelo que paralisa em circulação.

Quando o empreendimento modifica o quantitativo de seus investimentos, quer circulante, quer fixo, precisa observar como se processa o efeito de tal esforço.

O aumento em valores, por si só não representa melhoria.

O fato de movimentar maior volume de dinheiro em custos, em máquinas, não significa que a empresa se encontra em boa situação ou que está equilibrada.

Importante é conhecer a proporção em que se combinam os valores envolvidos nas operações básicas de um empreendimento.

Deve existir adequação no que se investe (quer em elementos fixos, quer em circulantes); também, em igual proporção, o que é desinvestido precisa trazer lucros.

Entre o aplicar e obter resultados das aplicações deve-se processar correlação harmônica.

Considerada a dinâmica dos negócios, em curtos períodos, o profissional deve realizar comparações quantitativas (em valores) dos elementos mencionados e apresentar conclusões e sugestões ao seu cliente, no sentido da obtenção de uma eficaz gestão.

Obviamente não é o modelo referido o exclusivo, nem completa tudo o que se deve orientar, pois, muitos outros se fazem necessários, mas, o que Villa indicou, há tanto tempo, ainda prevalece como verdadeiro até nossos dias.

*Autor: Antônio Lopes de Sá
Contato: lopessa.bhz@terra.com.br
 

Doutor em Letras, honoris causa, pela Samuel Benjamin Thomas University, de Londres, Inglaterra, 1999 Doutor em Ciências Contábeis pela Faculdade Nacional de Ciências Econômicas da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, 1964. Administrador, Contador e Economista, Consultor, Professor, Cientista e Escritor. Vice Presidente da Academia Nacional de Economia, Prêmio Internacional de Literatura Cientifica, autor de 176 livros e mais de 13.000 artigos editados internacionalmente.