QUALIDADE, QUANTIDADE E VALOR
Prof. Dr. Antônio Lopes de Sá
A quantidade, sem a boa
qualidade, modifica o conceito de utilidade.
“Um punhado de gente pode fazer um povo, mas, só a cultura faz uma Nação”,
escreveu Spengler, há cerca de cem anos.
Não adianta, pois, uma grande população se ela não possui civilização.
Um homem pode acumular grandes conhecimentos, mas, se não os emprega com
adequação, jamais será um sábio.
Um indivíduo pode acumular muito dinheiro, mas, se não desfruta a vida, se não
enseja a terceiros felicidade com o que acumulou, não é realmente um ser
benevolente.
Uma empresa pode ter um grande capital, mas, se não o gere com eficácia, em
pouco tempo estará definhando.
A qualidade é algo que distingue uma coisa da outra, a partir da essência, da
capacidade que existe em prestar utilidade de acordo com os fins, com efeitos
determinados.
Embora os pensadores tenham tomado a qualidade sob ângulos diversos, o fato é
que a entendemos como boa quando é conveniente, diante de necessidades
definidas.
O quantitativo, todavia, é apenas medida, embora possa influir, sob certos
aspectos, na própria qualidade das coisas, quando as óticas de observação
ensejam tal concepção.
Pode-se, sob certo aspecto, falar-se em qualidade como essência e em quantidade
como forma ou dimensão que evidencia a repetição de algo.
A excelência da qualidade está ligada a particularidades relativas ao valor.
A preferência, a utilidade que se atribui a algo é o que a ela valoriza ou
desvaloriza.
Disso defluiu a grande variedade de “avaliações”.
Existem exemplos, entretanto, que podemos buscar nessa grande obra da
“Inteligência Superior” que a tudo criou e a tudo formou.
É oportuno, aqui, lembrarmos de dois corpos que existem na natureza e que o
homem os valoriza de forma diferente.
Refiro-me à “grafita” e ao “diamante”, ambos formas do carbono e que possuem a
mesma quantidade de átomos.
A “grafita”, todavia, aquela substância que se usa para escrever, que se coloca
no lápis, tem pequeno preço.
O “diamante”, contudo, tem uma cotação excepcional.
A razão da diferença está em alguns fatores, mas, especialmente na dureza,
advinda da estrutura das formas (alótropos).
O “diamante” é a mais dura das pedras e seu nome vem exatamente dessa qualidade,
razão que levou os gregos a chamarem as mesmas de “adamas”.
A “grafita”, todavia é mole em face da estrutura molecular.
A disposição regular dos átomos no “diamante”, é a razão de sua extrema dureza.
Há, nesse corpo, uma rígida “solidariedade atômica”, ou seja, cada átomo está
ligado fortemente aos seus quatro vizinhos e em cada espaço está ligado a uma
semelhante disposição.
Essa união organizada faz com que o “diamante” só possa ser lapidado com o pó do
próprio “diamante”, pois, nenhum outro corpo consegue tal propósito.
Embora varie ainda a utilidade para os joalheiros (que utilizam o transparente),
mesmo o opaco tem raro emprego para fins industriais.
É a natureza a nos ensinar que “quantidade”, sem “qualidade”, faz variar os
conceitos de valor.
É essa grande enciclopédia natural, divina, a exemplificar que a união faz a
força quando existe organização e base estrutural.
*Autor: Antônio Lopes de Sá
Contato: lopessa.bhz@terra.com.br
Doutor em Letras, honoris causa, pela Samuel Benjamin Thomas University, de Londres, Inglaterra, 1999 Doutor em Ciências Contábeis pela Faculdade Nacional de Ciências Econômicas da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, 1964. Administrador, Contador e Economista, Consultor, Professor, Cientista e Escritor. Vice Presidente da Academia Nacional de Economia, Prêmio Internacional de Literatura Cientifica, autor de 176 livros e mais de 13.000 artigos editados internacionalmente.