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22/12/2010
Estrangeiros buscam mais renda no Brasil
 
(DCI) SÃO PAULO - O déficit de transações correntes registrado no mês passado, de US$ 4,696 bilhões, foi o maior rombo mensal da série histórica para os meses de novembro. De acordo com dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC), o saldo superou o recorde anterior registrado em novembro de 2009, quando o saldo negativo somou US$ 3,273 bilhões.

No acumulado de janeiro a novembro, o déficit em conta corrente soma US$ 43,459 bilhões, equivalente a 2,34% do PIB. No mesmo período do ano passado, o déficit foi de US$ 18,352 bilhões, o correspondente a 1,29% do PIB. Nos 12 meses até novembro, o déficit externo é de US$ 49,409 bilhões, o equivalente a 2,43% do PIB. Até outubro, o déficit em 12 meses era de US$ 47,987 bilhões, ou 2,36% do PIB. O BC estima que déficit em conta corrente fechará 2010 em US$ 49 bilhões.

Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, comenta que o rombo nas contas externas já era esperado, por conta do aumento das importações, que normalmente ocorrem no final do ano. "Com este cenário, aumentou-se a dependência do ingresso de capital especulativo no País, o que não é positivo porque prejudica o câmbio e assim as exportações. Por outro lado, é positivo por que o crescimento econômico, associado ao risco baixo e alta rentabilidade no investimento - devido ao alto valor da taxa de juros Selic-, atraem esses recursos", analisa.

Por meio de nota, os analistas da LCA Consultores entendem que a estabilização do déficit em conta corrente dessazonalizado nos últimos meses sinaliza uma acomodação da atividade econômica doméstica e conseqüente redução do diferencial de crescimento em relação ao resto do mundo. Para eles, o "financiamento do déficit em conta corrente brasileiro vem se alterando significativamente nos últimos meses, com uma aceleração bastante expressiva dos ingressos de IED, voltando a se situar nos níveis observados antes do aprofundamento da crise financeira, no final de 2008".

O fluxo de investimentos estrangeiros direitos (IED) para o Brasil somou no mês passado US$ 3,732 bilhões. Em novembro de 2009, o IED somou US$ 1,604 bilhão, superando as estimativas dos analistas. Já o saldo de investimento estrangeiro em títulos de renda fixa e ações, que atingiu US$ 50,448 bilhões de janeiro a novembro, é recorde histórico, segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. O volume inclui a oferta de ações da Petrobras.

No acumulado de 2010 até o mês passado, o ingresso de capital externo produtivo no País totaliza US$ 33,136 bilhões, o equivalente a 1,78% do PIB. Em igual período de 2009, o IED somava US$ 20,839 bilhões, ou 1,46% do PIB.

No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em novembro, esse indicador registra ingressos no País de US$ 38,245 bilhões, o equivalente a 1,88% do PIB.

Ainda segundo os números do BC, a remessa de lucros e dividendos feita por empresas multinacionais instaladas no Brasil somou em novembro US$ 1,949 bilhão. Com esse resultado, as transferências no acumulado do ano atingiram US$ 25,031 bilhões. Em igual período de 2009, as transferências tinham somado US$ 19,892 bilhões.

Previsões

Ainda ontem, Altamir Lopes afirmou que a conta de transações correntes deve fechar dezembro de 2010 com déficit de US$ 5,5 bilhões. Se confirmado, o número deve ficar acima do registrado em novembro, quando o rombo ficou em US$ 4,696 bilhões.

Para 2011, o Banco Central elevou a projeção para o déficit em conta corrente, de US$ 60 bilhões para US$ 64 bilhões. Em porcentagem do PIB, a previsão passou de 2,77% para 2,85% de déficit. O BC manteve em US$ 11 bilhões a perspectiva de superávit comercial, mas subiu de US$ 230 bilhões para US$ 235 bilhões a estimativa de exportações e de US$ 219 bilhões para US$ 224 bilhões, das importações. Apesar de projetar um déficit maior em 2011, Altamir Lopes afirmou que será possível "observar uma acomodação no ritmo de crescimento do déficit" de transações correntes no próximo ano. "O número esperado para 2011 reflete menor ritmo de crescimento nas viagens internacionais, no aluguel de equipamentos e remessa de lucros e dividendos. Por isso, há acomodação no ritmo de crescimento do déficit externo", diz Altamir.

O BC manteve em US$ 45 bilhões a estimativa para o ingresso de IED em 2011, mas elevou de US$ 36 bilhões para US$ 40 bilhões a expectativa de entrada de investimentos em papéis domésticos e ações. Fernanda Bompan - Agência Estado

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