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23/05/2012
Mantega explica no Senado mudança na remuneração da caderneta de poupança. Sem alteração, disse o ministro aos parlamentares, taxa de juros ficaria engessada, prejudicando a economia
 
(Ministério da Fazenda) O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, nesta terça-feira (22/05), que o mundo está diante de uma nova crise financeira, que irá afetar o mundo como um todo. Entretanto, o Brasil está mais preparado para enfrentá-la do que em 2008.

“Hoje temos quase o dobro das reservas internacionais, US$ 370 bilhões, enquanto em 2008 tínhamos US$ 200 bilhões; uma situação fiscal mais sólida; relação dívida/PIB menor; instrumentos disponíveis para implementar políticas de estímulos à economia; e compulsório”, afirmou o ministro durante audiência pública realizada no Senado Federal sobre alteração na remuneração da caderneta de poupança.

Segundo Mantega, a situação da economia internacional se agravou nos últimos meses, demonstrando que a estratégia de austeridade fiscal adotada pelos países europeus não deu certo, pois não foi acompanhada de estímulo econômico. Em sua exposição, Mantega avaliou que o resultado dessa estratégia foi o baixo crescimento ou até mesmo recessão nesses países. “O crescimento dos emergentes, e do Brasil, também será afetado, porque os mercados se encolheram e, com isso, há redução no volume de comércio exterior”, explicou.

O ministro ainda ressaltou que, se uma possível saída da Grécia da zona do euro não for bem administrada, poderá haver graves problemas na União Europeia, principalmente no setor bancário.

Para Mantega, este é um dos piores momentos para a economia mundial em termos de crescimento. “Em 2012, a maioria dos países terá um taxa de crescimento menor que a apresentada no passado. Felizmente, o Brasil figura entre aqueles que terão crescimento maior esse ano, pois criamos as condições para isso”.

Na apresentação feita por Mantega consta que, diante desse cenário internacional adverso, a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro será de 4%.

De acordo com o chefe da Fazenda, os desafios do governo para este ano é justamente acelerar o crescimento num cenário internacional adverso; dinamizar os investimentos; fortalecer o mercado interno; manter a solidez fiscal, o controle da inflação e o câmbio favorável; ampliar o crédito e reduzir as taxas de juros do sistema financeiro, diminuindo assim o custo financeiro; continuar com as desonerações e a reforma tributária; e reduzir custo da energia, logística e infraestrutura.

Ao falar sobre investimentos, Guido Mantega apresentou números do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mostrando que os desembolsos do governo federal nos quatro primeiros meses do ano foram de R$ 11,6 bilhões, 50% a mais do que no mesmo período do ano passado. “Em um momento como esse, aumentar os investimentos públicos é um desafio, principalmente porque eles servem de indutores para os investimentos privados”, acrescentou.

Poupança

Ao justificar a mudança na remuneração da caderneta de poupança, motivo do convite da ida do ministro ao Senado, Guido Mantega disse que a alteração foi necessária para que o governo pudesse dar continuidade na redução dos juros e no custo financeiro do País. “Se não tivéssemos feito isso, teríamos um problema, pois engessaríamos a taxa de juros e não conseguiríamos reluzi-la. Esse impedimento seria prejudicial para toda a economia brasileira”, ressaltou.

Segundo explicou, com a Selic em queda, os fundos de investimentos acabaram em desvantagem frente à poupança, possibilitando migração dos grandes investidores para as cadernetas em busca de maior rentabilidade. “Isso afetaria inclusive a dívida pública, pois o Tesouro Nacional teria dificuldade de colocar seus títulos no mercado para a rolagem da dívida a juros menores”, enfatizou.

Para Mantega, a queda da taxa de juros beneficia a maioria dos brasileiros, inclusive aqueles que aplicam na poupança. “Os poupadores também fazem uso do crédito ao financiar a compra de eletrodomésticos, carros e imóveis”, exemplificou.

Numa mensagem tranquilizadora, o ministro afirmou que, mesmo com as mudanças, foram preservadas as vantagens da caderneta de poupança, como simplicidade dos depósitos, rentabilidade mensal e isenção do Imposto de Renda. "A poupança ainda continua sendo uma aplicação segura e as vantagens permaneceram”, enfatizou.

Ele ainda fez simulações com diferentes taxas Selic. Explicou que o patamar de remuneração de 70% da Selic (quando ela passar a ser menor ou igual a 8,5%), para os depósitos a partir de 4 de maio, foi definido após estudos técnicos, mostrando que, desde 2002, esse foi o patamar máximo das cadernetas.

Setor automotivo

Mantega também comentou as medidas de incentivo ao crédito e fomento à indústria automotiva. Disse que o objetivo foi evitar demissões (promessa feita pelas montadoras que já ameaçavam dar férias coletivas), e estimular o crescimento econômico.
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