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04/06/2012
Perspectiva é de PIB maior no segundo semestre Ministro afirma que crescimento modesto não afetou geração de emprego
 
(Ministério da Fazenda) O ministro da Fazenda Guido Mantega disse nesta sexta-feira que o crescimento de 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre desse ano, divulgado pelo IBGE, demonstrou que não houve nem aceleração nem desaceleração da economia. “Ele repetiu o mesmo resultado do último trimestre de 2011”.

Na avaliação do ministro o desempenho do PIB nos três primeiros meses do ano só não foi melhor devido fraco desempenho da agricultura. “Ela representa apenas 5% do PIB, mas teve uma queda de 7,3% causada pela queda de algumas safras, como soja, arroz e fumo. Mas são fatores sazonais, porque a agricultura brasileira vai muito bem”, comentou na manha de hoje em São Paulo.

Mantega comemorou o resultado da indústria, que cresceu 1,7% no período (próximo de 6% anualizado). “A indústria cresceu bem, principalmente a indústria de transformação, que cresceu 1,9%. Eu considero isso uma excelente notícia porque é o primeiro resultado positivo depois de três trimestres negativos. Nos segundo, terceiro e quarto trimestres de 2011 a indústria tinha tido uma desaceleração”, destacou.

Para o ministro, o resultado da indústria indica que as medidas de estímulos que estão sendo adotadas pelo governo têm surtido efeito e farão com que a indústria em 2012 tenha um resultado melhor que em 2011.

Ele citou também os resultados positivos dos setores de serviços (+ 0,6% no trimestre ou cerca de 2,5% anualizado) e do consumo das famílias (1% no trimestre ou 4% anualizado). “O setor de serviços não cresceu mais porque um item importante, que é intermediação financeira (lucro dos bancos, financiamentos, entre outros), teve um resultado negativo”, observou.

Mantega avaliou que a intermediação financeira ainda está precária no País. “Ainda não conseguimos ter um aumento de crédito e redução das taxas de juros suficientes para estimular a economia. Porém, já estamos dando os primeiros passos nesta direção”.

O ministro apontou ainda o aumento de 1,5% das despesas de consumo da administração pública no primeiro trimestre (aproximadamente 6% anualizado). “O consumo das famílias e consumo da administração pública estão estimulando um crescimento maior da economia. Se mantido esse ritmo deverão propiciar um PIB maior”.

Investimento – Sobre o crescimento negativo da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no primeiro trimestre, Mantega indicou que o resultado foi influenciado por dois fatores: a crise internacional, que afeta mais os investimentos, e a queda na produção e na venda de caminhões e ônibus.

“Houve a entrada em vigor do Euro 5 que exige caminhões e ônibus mais sofisticados, mais caros. O mercado ainda não está absorvendo essa nova família”. O Euro 5 é uma norma estabelecida pela União Europeia, em vigor desde 2009, que limita a emissão de gases poluentes.

Conforme Guido Mantega, esse cenário será revertido a partir dos incentivos governamentais dados ao setor, com redução de custos e alongamento de prazos. Para comprar um caminhão hoje a taxa de juro é de 5,5% a.a. com 120 meses para pagar.

“Esse segmento vai voltar a funcionar, mas ele teve uma parada nesse primeiro momento, o que influenciou os investimentos e a formação bruta de capital”.

O ministro da Fazenda destacou apesar do crescimento modesto da economia no primeiro trimestre o emprego foi muito bem no Brasil. “Se nós pegarmos os primeiros quatro meses do ano, tivemos a criação de 600 mil novos empregos, o que reflete o dinamismo da indústria, principalmente a construção civil, que teve um crescimento de 1,5% nesse trimestre e os serviços, que continuam indo bem e contratando mão-de-obra”.

Para Mantega é um dos melhores resultados do mundo em termos de geração de emprego. “Esse é um excelente indicador para o Brasil. Mantendo o emprego e o aumento do salário mínimo (aumento da massa salarial) nós temos um mercado consumidor que vai continuar estimulando o crescimento da economia brasileira”.

Ao comentar o aumento das importações em detrimento das exportações no primeiro trimestre, Mantega reforçou a necessidade de o governo continuar adotando medidas de defesa comercial.

“Nós tivemos uma expansão da exportação de 0,2% no primeiro trimestre e aumento das importações de 1,1%. Portanto as importações, os bens e serviços importados levaram para fora uma parte do nosso crescimento. Isso é cerca de 30% do crescimento do trimestre. O que demonstra a necessidade de continuarmos adotado medidas de defesa comercial”.

O ministro lembrou a elevação de IPI para produtos fabricados na Zona Franca de Manaus (ar condicionado, micro-ondas e motos). A medida foi anunciada ontem pela Receita Federal.

“Essa elevação de IPI não afeta o produto fabricado no Brasil, que é zerado na Zona Franca. Atinge somente importações. Estamos garantindo que haverá um aumento de vendas de motos, ar condicionado micro-ondas fabricados no Brasil”.

Mantega afirmou ainda que o pequeno crescimento das exportações brasileiras reflete a crise internacional e citou que a Argentina, por exemplo, estabeleceu uma série de barreiras para importar produtos brasileiros.

Crise – O ministro traçou ainda um panorama da crise internacional e afirmou que esse ano alguns países dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão caminhando para a metade do crescimento que tiveram em 2011.

“Nós estamos diante de uma desaceleração de quase todos os países do mundo. E o mais importante: uma desaceleração das economias chinesa e indiana e dos demais BRICs”.

A China, disse, está desacelerando fortemente. “O país vinha crescendo 10% em 2010, caiu para cerca de 9% em 2011 e agora em 2012 poderá crescer em torno de 7%, o que para o mundo faz um diferença. A Índia também está desacelerando bastante (uns 30% do seu crescimento). Portanto, há um cenário de desaceleração dos países emergentes.

Para o Brasil, a expectativa do ministro é de em função das medidas de estímulo à indústria e ao crédito, e num cenário econômico mais favorável, a economia está acelerando. “ Esse primeiro semestre ficou para trás. Estamos olhando para o retrovisor, ou seja, dois meses atrás. A partir de maio o nível de atividade econômica no Brasil está acelerando”.

Ele adiantou que as vendas de veículos em maio na comparação com abril tiveram crescimento de 12,08%,. “É um grande crescimento e já demonstra o resultado das medidas de estímulos que demos ao setor automobilístico”.

Acrescentou que entre os setores da indústria que cresceram no primeiro trimestre estão aqueles que tiveram estímulos, como linha branca e móveis. “Isso mostra que as medidas são eficazes”, reforçou.

Mantega acredita a partir do segundo trimestre será possível também perceber os impactos da redução da taxa de juros (Selic). “Temos hoje 8,5% de taxa básica de juros, a menor taxa da história. Isso ajuda muito a economia”.

Além da queda da taxa Selic, o ministro citou o câmbio mais favorável para a indústria e os impactos do Brasil Maior, como a desoneração da folha de pagamento, como ações que terão impacto positivo no crescimento do PIB a partir do segundo semestre.

“A perspectiva que nós temos é de que no segundo trimestre a economia terá um crescimento maior do que o primeiro. Nós vamos chegar no segundo semestre com todas essas medidas de estímulo produzindo seus efeitos e com o crédito mais abundante”.

Mantega ponderou, entretanto, que o nível de crédito ainda não está num patamar adequado. Ele acredita que ele será restabelecido com mais capital de giro para as empresas e mais crédito para o consumidor brasileiro.

“No segundo semestre nós deveremos alcançar as taxas de crescimentos que nós gostaríamos para o ano todo, em torno de 4% e 4,5%. Poderemos atingir esse nível de crescimento que não conseguimos atingir no primeiro semestre”.
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